domingo, 6 de maio de 2012

A “secundarização” do exercício do pensamento


Todos os dias somos bombardeados pela mídia com notícias e reportagens referentes à educação e sua má qualidade. Apontando quase sempre como responsáveis: a má formação dos professores e o desinteresse dos alunos.

“Engajando o docente numa dicotomia, que não o deixa ser capaz de decidir sobre o resultado do seu trabalho e a reflexão de sua prática”
           
 Segundo Arelaro (2011) os alunos compreendem a escola como espaço de encontros e amizades, nela permanecem quase que exclusivamente pela imposição dos pais e responsáveis, ou quando a mesma acaba sendo alternativa de alimentação, segurança e assim, lazer. Já os professores, não sabem como agir com tais situações, pois não dispõe de autoridade – perderam sua representação ou até mesmo identidade docente – trabalham em espaços com pouca estrutura, beneficiados pelos baixos salários e pela cultura capitalista à qual delega aos mesmos, mais tarefas e pouca fundamentação intelectual.


            Vários estudos indicam que a formação docente é depois das condições econômicas e sociais do aluno, o principal fator de influência na qualidade da educação brasileira. Certamente investir na formação docente é uma das alternativas, mas à que se refere este investimento em formação? Qual professor, realmente esta sociedade está formando? Que docente será capaz de ajudar a garantir um ensino de qualidade em nosso país? Que profissional é capaz de contribuir com a ação-reflexão desses cidadãos em formação?

Reflexivo/ pensador/ com consciência crítica e bases intelectuais, ou alguém que se restrinja a ações docentes e a resoluções de problemas cotidianos em sala de aula. Segundo MORAES & SOARES (2005) o professor atualmente vivencia um processo “secundarização” do exercício do pensamento e da análise social-educacional a qual está inserido. Configurando-se um processo de “perda de autonomia”, de necessidade de reflexão na prática e sobre a prática. Moldado à medida que a sociedade contemporânea e o mercado capitalista delegam. Capaz de desenvolver suas atividades de modo sistemático e até mesmo técnico: um docente tecnicamente competente e inofensivo política e intelectualmente.  



Bibliografia:

ARELARO, Lisete. Interessa uma formação de professores consistente e crítica? Revista Caros Amigos Especial. A primeira à esquerda. Ano XV n.53. Editora Casa Amarela Ltda. Junho, 2011.

MORAIS, Maria Célia Marcondes de; SOARES, Kátia Cristina Dambiski. Cenas Empobrecidas do conhecimento e do trabalho docente. Porto Alegre- RS: Educação ano XXVIII, n. 2. Maio-Agos. 2005.

Por: GARCIA, Alessandra Agenor de Moura Garcia


*Texto apresentado à disciplina de Trabalho do Professor no Ensino Superior, do Curso de Pós- Graduação Latu-Sensu – Docência do Ensino Superior (UNEMAT- Sinop), sob orientação dos Profs. Dr.Odimar J. Peripolli e Dr. Marion Machado Cunha.




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